sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A falsa Mendiga

Zezélia pedia esmolas, havia muitos anos.
Não era tão doente que não pudesse trabalhar, produzindo algo de útil, mas não se animava a enfrentar qualquer disciplina de serviço.
— Esmola pelo amor de Deus! — clamava o dia inteiro, dirigindo-se aos transeuntes, sentada à porta de imundo telheiro.
De quando em quando, pessoas amigas, depois de lhe darem um níquel, aconselhavam:

— Zezélia, você não poderia plantar algum milho?
- Não posso... — respondia logo.
— Zezélia, quem sabe poderia você beneficiar alguns quilos de café?
— Quem sou eu, meu filho? não tenho forças...
— Não desejaria lavar roupa e ganhar algum dinheiro? 
— Indagavam damas bondosas.
— Nem pensar nisto. Não agüento...

— Zezélia, vamos vender flores! — convidavam algumas jovens que se compadeciam dela.
— Não posso andar, minhas filhas!... —exclamava, suspirando.
— E o bordado, Zezélia? — interrogava a vizinha, prestativa 
— Você tem as mãos livres. A agulha é uma boa companheira. Quem sabe poderá ajudar-nos? Receberá compensadora remuneração.
— Não tenho os dedos seguros — informava, teimosa — e falta-me suficiente energia... Não posso, minha senhora...
E, assim, Zezélia vivia prostrada, sem ânimo, sem alegria.
Afirmava sentir dores por toda parte do corpo. Dava notícias da tosse, da tonteira e do resfriado com longas palavras que raras pessoas dispunham de tempo para ouvir. Além das lamentações contínuas, clamava que não bebia café por falta de açúcar, que não almoçara por não dispor de alimentação.
Tanto pediu, chorou e se queixou Zezélia que, em certa manhã, foi encontrada morta e a caridade pública enterrou-lhe o corpo com muita piedade.
Todos os vizinhos e conhecidos julgaram que a alma de Zezélia fora diretamente para o Céu; entretanto, não foi assim.
Ela acordou em meio dum campo muito escuro e muito frio.
Achava-se sem ninguém e gritou, aflita, pelo socorro de Deus.
Depois de muito tempo, um anjo apareceu e disse-lhe, bondoso:
— Zezélia, que deseja você?
— Ah! — observou, muito vaidosa — já sou conhecida na Casa Celestial?
— Há muito tempo — informou o emissário, compadecido.
A velha começou a chorar e rogou em pranto:
— Tenho sofrido muito!... quero o amparo do Alto!...
— Mas, ouça! — esclareceu o mensageiro —o auxílio divino é para quem trabalha. Quem não planta, nada tem a colher. Você não cavou a terra, não cuidou de plantas, não ajudou os animais, não fiou o algodão, não teceu fios, não costurou o pano, não amparou crianças, não fez pão, não lavou roupa, não varreu a casa, não cuidou de flores, não tratou nem mesmo de sua saúde e de seu corpo... Como pretende receber as bênçãos de Cima?
A infeliz observou, então:
— Nada podia fazer... eu era mendiga...
O anjo, contudo, replicou:
— Não, Zezélia! — você não era mendiga. Você foi simplesmente preguiçosa. Quando aprender a trabalhar, chame por nós e receberá o socorro celeste.
Cerrou-se-lhe aos olhos o horizonte de luz e, às escuras, Zezélia voltou para a Terra, a fim de renovar-se.

Do Livro Alvorada Cristã
Francisco Cândido Xavier
Pelo Espirito de Neio Lúcio.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Oração a Maria de Nazaré


Maria mãe espiritual de toda humanidade, saudamos-te cheia de graça e pedimos a assistência para os abandonados.
Força para os fracos, 
Luz para os cegos espirituais, 
Amparo aos caídos, 
Alimento para os famintos de amor 
E paz para os prisioneiros do ódio.

Sede Senhora o abrigo para todos nós, pequenas sementes que o jardineiro de Deus, vosso filho todos os dias sai para semear nas veredas divinas, nós que ainda teimamos no desejo que nos aprisiona a terra, longe do sol da verdade e da brisa do amor. 
Mas vós que sois estandarte ao lado do Senhor livrai-nos da morte e nos prestai assistência dando-nos a claridade do vosso coração de mãe amorosa.

Abrigo dos que sofrem, em vosso colo enveredamos nossa cabeça, na certeza de que ouviremos do vosso lábio de mulher e mãe esta rogativa, meu Deus concede-lhes o perdão porque crianças são ainda, precisando e muito do pastor divino, Jesus Cristo, para que esteja presente em nossos corações por todos os séculos.

Bezerra de Menezes

Juizo Final

O Sol, há de brilhar mais uma vez
A Luz, há de chegar aos corações
Do mal, será queimada a semente
O Amor, será eterno novamente.

É o juízo final!
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver!
A maldade desaparecer!

O Sol, há de brilhar mais uma vez
A Luz, há de chegar aos corações
Do mal, será queimada a semente
O Amor, será eterno novamente.



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Maledicencia


Temos tantas coisas para nos preocupar e cuidar na nossa vida: a nossa saúde, a nossa casa, o nosso trabalho, os nossos filhos, os nossos deveres do dia a dia que se pensarmos bem, não teremos tempo de sobra pra cuidar da vida alheia. A fofoca ou a maledicência é sem duvida um dos piores venenos que podem destruir e corromper a nossa vida. E o maledicente nem percebe que está sendo tragado para os abismos infernais. Li esse artigo e gostaria de compartilhar aqui no blog.


***

Maledicência é o ato de falar mal das pessoas.  Definição bem amena para um dos maiores flagelos da Humanidade.
Mais terrível do que uma agressão física.  Muito mais do que o corpo, fere a dignidade humana, conspurca reputações, destrói existências. 
       Mais insidiosa do que uma epidemia, na forma de boato - eu "ouvi dizer" - alastra-se como rastilho de pólvora.  Mera visão pirotécnica em princípio:
       "Ele paga suas contas com atraso" ou "Ela sai muito de casa". 
       Depois, explosiva:
       "Ele é um ladrão!  " ou "Ela está traindo o marido!" 
Arma perigosa, está ao alcance de qualquer pessoa, em qualquer idade, e é muito fácil usá-la: basta ter um pouco de maldade no coração.
Tribunal corrupto, nele o réu está, invariavelmente, ausente.  É acusado, julgado e condenado, sem direito de defesa, sem contestação, sem misericórdia. 
Tão devastadora e, no entanto, não implica nenhum compromisso para quem a emprega.  Jamais encontraremos o autor de um boato maldoso, de uma "fofoca” comprometedora. O maledicente sempre "vende" o que "comprou". 
Ninguém está livre dela, nem mesmo os que se destacam na vida social pela sua capacidade de realização, no setor de suas atividades.  Estes, ao contrário, são os mais visados.  Nada mais gratificante para o maledicente do que mostrar que "fulano não é tão bom como se pensa".

Não há agrupamento humano livre da maledicência. Está presente mesmo onde jamais deveria haver lugar para ela: em instituições inspiradas em ideais religiosos de serviço no campo do Bem.  Quando se manifeste nessas comunidades, infiltrando-se pela invigilância de companheiros desavisados, que se fazem agentes do Mal, é algo profundamente lamentável, provocando o afastamento de muitos servidores dedicados e aniquilando as mais promissoras esperanças de realização espiritual.

       Nem mesmo o Cristo, inspiração suprema desses ideais, esteve livre dela.  Exemplo tipico de seu poder infernal foi o comportamento da multidão, que reverenciou Jesus na entrada triunfal, em Jerusalém; no entanto, poucos dias depois, instigada pela maledicência dos sacerdotes judeus, festejou sua crucificação, cercando a cruz de impropérios e zombarias.

       A maledicência tem sua origem, sem dúvida, no atraso moral da criatura humana.  Intelectualmente, a Humanidade atingiu culminância.  Chegamos à Lua, desintegramos o átomo.  Moralmente, entretanto, somos subdesenvolvidos, quase tão agressivos e inconsequentes como os habitantes das cavernas, e, se o verniz de civilidade nos impede de usar a clava, usamos a língua, atendendo a propósitos de auto-afirmação, revide, justificação ou pelo simples prazer de atirar pedras em vidraças alheias.

       Não se dá conta aquele que se compraz em criticar a vida alheia, que a maledicência é um ato de autofagia (condição do animal que se nutre da própria substância, que come o próprio corpo). O maledicente pratica a autofagia moral.  A má palavra, o comentário desairoso contra alguém geram, no autor, um clima de desajuste íntimo, em que ele perde força psíquica e se autodestrói moralmente, envenenando-se com a própria maldade.  Por isso, pessoas que se comprazem nesse tipo de comportamento são sempre inquietas e infelizes.

       Jesus adverte que o maldizente fatalmente será vítima da maledicência, quer porque onde estiver criará ambiente propício à disseminação de seu veneno, quer porque a Vida o situará, inelutavelmente, numa posição que o sujeitará a críticas e comentários desairosos, a fim de que aprenda a respeitar o próximo.

       Deixando bem claro que a ninguém compete o direito de julgar, o Mestre recomenda que, antes de procurarmos ciscos no olho de nosso irmão, tratemos de remover a lasca de madeira que repousa, tranqüila, no nosso.  Se possuímos incontáveis defeitos, se há tantas tendências inferiores em nossa personalidade, por que o atrevimento de criticar o comportamento alheio?

       E há os estudos de Psicologia que oferecem uma dimensão bem maior ao ensinamento evangélico.  Admitem hoje os psicólogos que tendemos a identificar com facilidade nos outros o que existe em abundância em nós. O mal que vemos em outrem é algo do mal que mora em nosso coração.  Por isso, as pessoas virtuosas, de sentimentos nobres, são incapazes de enxergar maldade no próximo.

       É preciso, portanto, treinar a capacidade de enxergar o que as pessoas têm de bom, para que o Bem cresça em nós. O primeiro passo, difícil mas indispensável, é "minar a maledicência.  Um recurso valioso para isso é usar os três crivos, segundo velha lenda de origem desconhecida, que vários escritores atribuem a Sócrates, lembrada pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, em mensagem publicada pela revista "Reformador", no mês de junho de 1970:

"Certa feita, um homem esbaforido achegou-se ao grande filósofo e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, Sócrates... Na condição de teu amigo, tenho alguma coisa de muito grave para dizer-te, em particular...
- Espera!... - ajuntou o sábio, prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
- Três crivos? - perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro, três crivos.  Observemos se a tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade.  Guardas absoluta certeza quanto aquilo que me pretendes comunicar?
- Bem - ponderou o interlocutor -, assegurar, mesmo, não posso... Mas, ouvi dizer e...então...
- Exato.  Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade.  Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
        - Isso não ... Muito pelo contrário...
   - Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... - aduziu o visitante ainda mais agitado. - útil não é...
-             Bem - rematou o filósofo num sorriso -, se o que me tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que de nada valem casos sem qualquer edificação para nós. . . "




Referências bibliográficas:
Richard Simonetti – A voz do monte


Oração a Maria de Nazaré

Maria mãe espiritual de toda humanidade, saudamos-te cheia de graça e pedimos a assistência para os abandonados. Força para o...